sexta-feira, 11 de abril de 2008

Reducionismos

A "clássica" sociologia das profissões tende a estabelecer a existência a priori de uma racionalidade optimizadora, mais ou menos consciente, nos profissionais, que tende a fazer com que estes procurem constantemente construir a sua autonomia profissional face aos poderes administrativos das organizações nas quais desenvolvem a sua actividade. Assim, por exemplo, com os médicos ou os professores. Isto corresponde ao que alguns autores recentemente apelidam de relativismo, no sentido em que as análises deste tipo, ao pretenderem afastar-se de considerações de ordem moral, terminam expurgando a própria moralidade da acção em geral. Desta forma, deixamos caminho aberto, paradoxalmente, ao funcionalismo, mais ou menos sofisticado, mais ou menos evidente, na medida em que as posições normativas de quem age são encaradas como expressão interessada de uma racionalidade optimizadora subjacente, ela própria reenviando para a análise das estruturas de poder. Mas, face aos quadros habituais de pensamento que muitos sociólogos partilham, relativismo e funcionalismo não se compatibilizam. Voltarei a esta questão.