domingo, 22 de maio de 2011

Reflexão domingueira

Admitindo que não existem conceitos «a priori» na mente humana, forçosas se tornam a apercepção e a compreensão de que quanto existe de conceitos (grosso modo) comuns na mente de diferentes sujeitos resulta de um qualquer trabalho de comunalização, como é o caso num processo de socialização ou educação. É assim, ademais, que um «fundo comum de conhecimento», ele próprio com um fundamental valor de sobrevivência para a espécie humana, é transmitido, por exemplo entre sujeitos.


Não devemos, porém, confundir um fundo conceptual comum com um fundo linguístico comum. Se é certo que cabe esclarecer ainda, por meio de complexa investigação, as relações entre os dois termos, não o é menos que existem «regiões» conceptuais da mente que não se formam exclusivamente a partir dos padrões sonoros ou escritos a que chamamos palavras.


Esta constatação não significa, entretanto, uma cedência à ideia de existência de uma experiência fundamentalmente privada do mundo, a qual se relacionaria de modo ainda por deslindar inteiramente com a linguagem verbal. Aqui, na verdade, a investigação pragmatista permite-nos afirmar que a experiência conceptual do mundo, mesmo quando não totalmente verbal(izada), depende em alguns de seus mais decisivos aspectos de dispositivos materiais e simbólicos que organizam essa experiência e, por conseguinte, os seus arranjos conceptuais. O que significa que a mesma é ainda comum. É assim que as significações conceptuais subjectivamente elaboradas a propósito do mundo podem permanecer tendo esperança de se fundarem objectivamente, isto é, no quadro do concerto comum das consciências.

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