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Alain Touraine, Crítica da Modernidade.
«Horkheimer denunciou a degradação da "razão objectiva" em "razão subjectiva", isto é, de uma visão racionalista do mundo numa acção puramente técnica através da qual a racionalidade é posta ao serviço das necessidades, sejam elas de um ditador ou dos consumidores, que deixam de estar submetidos à razão e aos seus princípios de regulação, tanto da ordem social como da ordem natural. Esta angústia conduz a uma mudança de perspectiva. Bruscamente, a modernidade volta a ser designada por "eclipse da razão" por Horkheimer e Adorno e por todos os que foram influenciados por eles, bem distantes da Escola de Francoforte. Raciocínio que prolonga a inquietação de Weber, o maior analista da modernidade. A secularização e o desencantamento do mundo, a separação entre o mundo dos fenómenos, no qual se exerce a acção técnica, e o mundo do Ser, que apenas penetra na nossa vida através do dever moral e da experiência estética, não nos encerrarão numa gaiola de ferro, segundo a célebre expressão com a qual termina o ensaio sobre A Ética protestante e o espírito do capitalismo - tema mais tarde retomado em força por Jürgen Habermas, no início da sua reflexão? Max Weber define a modernidade pela racionalidade dos meios e opõe-na à visão racional dos valores, o que se traduz mais concretamente pela oposição entre a ética da responsabilidade, característica do homem moderno, e a ética da convicção, que apenas pode intervir em circunstâncias excepcionais, da mesma forma que a autoridade carismática, num mundo racionalizado. Eis a imagem weberiana do mundo moderno: a coexistência entre a racionalização quotidiana e uma guerra dos deuses ocasional.»
Alain Touraine, Crítica da Modernidade.
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