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Em poucos anos, a sociologia em Portugal, parece-me, tem vindo a lograr grande sucesso na difusão de alguns dos seus modos de raciocínio e principais resultados. Na verdade, desde há uns quinze anos, talvez, parece-me que as discussões existentes, nomeadamente no domínio mediático, integram, crescentemente, visões globais da sociedade portuguesa que em muito devem ao trabalho académico aturado dos profissionais que trabalham esta (entre nós) jovem ciência. O que é curioso notar é que, infelizmente e ao contrário, por exemplo, do que acontece com os "primos" -mais ou menos directos, consoante os casos - dos sociólogos, os economistas, os créditos deste serviço prestado ao País geralmente não são imputados aos sociólogos. Sendo hoje comum perspectivar o insucesso escolar com base em desigualdades de oportunidades e condições de existência, pensar a ciência como um empreendimento colectivo, compreender melhor alguns aspectos da organização do nosso território, olhar para a família e as relações privadas de género como dinâmicas, pensar a existência de sistemas de desigualdades, etc., raramente se reconhece aos sociólogos, publicamente, a p(m)aternidade destes ou de outros conhecimentos, hoje básicos e oriundos do vasto património científico da sociologia. Relação aparentemente maldita esta, que faz com que aquilo que os sociólogos estudam seja lentamente apropriado pela sociedade e esta (utilizo este substantivo conscientemente, apenas para simplificar o discurso) retribua depois com o ar douto de quem já sabia.
Tem razão. Mas, como o objecto de estudo é a própria "sociedade" é natural "pensar-se" assim. É como uma pessoa ao ir ao médico e na linguagem leiga e simples dizer:
ResponderEliminar- Estou quente, tenho arrepios ou suores; a cabeça anda à roda..."
- Tem "febre" - responde o médico, depois de verificar com o termómetro.
- Pois - diz o doente. Era isso que estava a dizer.
Beijinhos
Paula
Obrigado pelo comentário. É uma excelente observação.
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