Imagem retirada de: http://www.anchoragefilmfestival.com/2008/images/SurLaTerreCommeAuCiel.jpg
«Mostraste-te, Senhor, a mim dum modo tão amável que não podes ser mais amável. Com efeito, és infinitamente amável, Deus meu. Por isso jamais poderias ser amado por alguém como és digno de ser amado, a não ser por quem te ame infinitamente. E não serias infinitamente digno de ser amado, se não amasses infinitamente. Efectivamente, a tua amabilidade, que é o poder ser infinitamente amado, deve-se ao facto de ser simultaneamente o poder amar infinitamente. Do poder amar infinitamente e do poder ser infinitamente amado provêm o nexo infinito do amor entre o amante infinito e o infinito amável. O infinito não é multiplicável.
Por isso, tu, Deus, meu, que és o amor, és amor amável e nexo do amor amante e do amor amável. Vejo em ti, Deus meu, o amor amante e o amor amável e, por isso, porque vejo em ti o amor amante e o amor amável, vejo o nexo de um e de outro amor. E isto não é senão o que vejo na tua absoluta unidade, na qual vejo a unidade que une, a unidade unível e a união de ambas. Mas seja o que for que eu veja em ti, isso és tu, Deus meu. Por isso és o amor infinito que, sem o amante, o amável e o nexo de ambos, não pode ser visto por mim como amor perfeito e natural. Com efeito, como posso conceber o amor sumamente perfeito e natural sem o amável e a união de ambos? No amor contraído experiencio que o facto de o amor ser o amante, o amável e a união de ambos deriva da essência do amor perfeito. Mas aquilo que pertence à essência do amor perfeito contraído não pode faltar ao amor absoluto do qual o amor contraído recebe o que de perfeição comporta»
Nicolau de Cusa, De Visione Dei, Capítulo XVII
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